quinta-feira, 28 de maio de 2009

Faoro, nosso amigo - Maria Victória Benevides

Revista Lua Nova/CEDEC, nº 58

http://sala.clacso.edu.ar/gsdl252/cgi-bin/library?e=d-000-00---0luanova--00-0-0--0prompt-10---4------0-1l--1-es-50---20-about---00031-001-1-0utfZz-8-10&a=d&c=luanova&cl=CL2.1&d=HASH019572922773632323e28aec.2

Raymundo Faoro, nosso amigo
Por Maria Victória Benevides

Modéstia à parte, Raymundo Faoro foi um dos nossos. O consagrado
autor de Os Donos do Poder era, sim, “da casa”: mestre, crítico, conselheiro,
colaborador, amigo de todos nós, os pais (e mães!) fundadores e os
continuadores do CEDEC.
Pouco presente em pessoa, era uma referência constante; o grande
historiador, jurista e sociólogo, mas também o publicista notável, que sempre
acompanhou, com sua pena certeira e suas intervenções públicas, a vida
política da nação. É bem conhecida sua brilhante atuação quando presidente
do Conselho Federal da OAB (1977-1979). Aliás, a OAB adquiriu um prestígio
extraordinário, como fonte e voz da sociedade civil, graças a ele. Tornouse
um dos principais representantes dos que lutaram contra a ditadura, sendo
interlocutor dos políticos e dos militares, que nele reconheceram um adversário
lúcido, corajoso e livre de qualquer projeto político pessoal. Sempre
ficou claro, para todos que o conheceram, sua completa falta de ambição para
cargos e honrarias. É importante destacar este dado de sua personalidade, pois
não foram poucos os que atribuíram ao seu dinamismo à frente da OAB objetivos
políticos menos nobres, como ser nomeado ministro da Justiça ou membro
do STF num futuro governo democrático. Os fatos provam que ele nada
quis, nem abandonou suas trincheiras de luta contra os arrivistas da “transição
transada”.
Quando Luiz Inácio da Silva foi à sua casa convidá-lo para ser vice
(campanha de 1989), Raymundo recebeu-o de braços abertos e adega fidalga
(gostava muito do líder petista, com quem manteve relações de mútua admiração
e amizade até o fim). Mas ponderou: “Lula, sou um homem preguiçoso
e amante das boas coisas da vida. Aceitaria, de bom grado, uma embaixada
em Viena...desde que vitalícia”.
Apesar de participar, junto com Mino Carta, seu fraternal amigo, das
revistas IstoÉ/Senhor, Carta Capital e do excelente e efêmero Jornal da
RAYMUNDO FAORO,
NOSSO AMIGO
MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES
República, era pouco presente em São Paulo. Detestava deixar o Rio de
Janeiro, onde morava – com fino gosto (e entre montanhas de livros e vídeos
de teatro) –, debaixo do Cristo Redentor, com quem, dizia, muitas vezes
“acertava as contas”, o coração pesado de ira et studio. O bairro chama-se
Cosme Velho, escolhido como se Raymundo Faoro quisesse também os ares
bucólicos de seu querido Machado, sobre o qual escreveu a obra prima
Machado de Assis: A Pirâmide e o Trapézio (livro pouco lembrado, o que é
uma lástima). Aliás, como o velho bruxo, Raymundo tinha o horror de ser
“medalhão”. Aceitava nossos convites, no CEDEC ou na USP, mas avisava:
estão proibidas as louvações.
A ele o CEDEC muito deve. Seu empenho entusiasmado garantiu,
por exemplo, o primeiro grande Seminário da Abertura no Brasil, em junho
de 1979, com apoio da OAB e patrocínio da Fundação Ford. Organização
conjunta CEDEC-CEBRAP (sob a minha aflita e orgulhosa coordenação, desculpem-
me a vaidade) e realizado na PUC da reitora Nadir Kfouri, este superseminário
Direito, Cidadania e Participação (depois publicado pela editora
T. A. Queiroz) reuniu intelectuais e políticos de todo o país e dos EUA, todos
comprometidos com a instauração de um Estado de Direito Democrático. Foi
um grande sucesso de público e de imprensa e um marco decisivo na história
do CEDEC. A partir de então, nosso pequeno Centro consolidou foros de
credibilidade para várias empreitadas, conseguindo apoios acadêmicos e
financeiros no país e no exterior. Daí também se consolidaram projetos relevantes
para a identidade do Centro, em torno da cidadania, dos direitos
humanos, da reforma política, dos movimentos sociais.
Raymundo Faoro colaborou em diversas outras ocasiões com o
CEDEC, ora como avalista de projetos, ora como crítico interlocutor em
seminários ou textos, dentre os quais destaco os debates sobre a Constituinte,
que queríamos nacional, livre e soberana. Foi acompanhando esses debates
que Raymundo Faoro escreveu, convidado por Caio Graco, o belo ensaio
Assembléia Constituinte, a legitimidade recuperada (1986).
Participou, igualmente, de nossas publicações; destaco um original
artigo sobre liberdade de imprensa em nossa primeira revista, a Revista de
Cultura e Política, e uma instigante entrevista para Lua Nova (“A democracia
que queremos”, no número 5, de 1985).
Apreciava, com evidente espírito de argumentação clássica, o debate
intelectual de alto nível e assim integrou bancas examinadoras na
Universidade: de Carlos Guilherme Mota, de Gabriel Cohn, de Paulo Sérgio
Pinheiro, de Marco Aurélio Nogueira e de Kátia Mendonça, entre outros.
Weberiano ilustre, da tese de Gabriel gostava de dizer que podia figurar entre
o que de melhor se escreveu sobre Max Weber... na Alemanha! (Estava
apalavrado para participar da banca de Marco Aurélio Garcia, mas, como se
sabe, a política vem adiando a defesa do Marco).
Sua figura imponente de origem vêneta (quase dois metros de altura)
e o tom muito grave da voz podiam intimidar o recém-chegado. Mas logo se
percebia que a imensa cultura não atrapalhava o formidável wit, o senso de
humor inigualável, a começar pelo riso sobre si próprio: “Não tenho a elegância
do patriciado paulista, sou um simples gaúcho de Vacaria. Aprendi alemão
nos clubes masculinos de Porto Alegre, inglês porque me deslumbrei com
Shakespeare, sobretudo as peças políticas, e francês... bem, francês aprendi
com as fábulas de La Fontaine, e falo como um animal”.
Por iniciativa de Carlos Guilherme Mota foi o primeiro professor
visitante do IEA da USP, onde desenvolveu um estudo original publicado com
o título Existe um pensamento político brasileiro? Gostava do ambiente e dos
colegas, mas me dizia, docemente irônico, para eu não me preocupar pois o
CEDEC estaria sempre em primeiro lugar.
É difícil encontrar um personagem de tal envergadura – tão “varão
da República” – e que seja, ao mesmo tempo, tão simples e generoso. Isso
mesmo, o ilustre Raymundo Faoro foi, sem pieguice, um homem bom. Um
homem de generosidade pessoal e intelectual, fortiter in re, suaviter in modo.
Antônio Candido disse, certa vez, referindo-se a Fernando de Azevedo, que
um grande intelectual não será, necessariamente, um grande homem público,
e que seu mestre Azevedo fora ambos. Podemos dizer o mesmo de nosso
mestre e amigo Raymundo Faoro.
***
Raymundo Faoro foi um gaúcho-italiano à moda antiga, que não
temia uma boa briga nem cultivar os inevitáveis inimigos, mas mantinha sempre
a exigência de honra, lealdade e caráter que, segundo ele, bebera no leite
materno (as histórias que contava sobre a mãe Maria Luiza dariam um
romance de Érico Veríssimo). Pode ter sido, por isso, mal compreendido por
alguns adeptos da modernidade deslumbrada e do “politicamente correto”.
Tudo isso é bobagem. Raymundo Faoro foi, simplesmente, um homem íntegro,
inteligente e encantador.
Uma saudade danada.

MARIA VICTORIA de MESQUITA BENEVIDES é ... Modéstia à
parte, Maria Victoria é uma das nossas.
Fundadora e participante de primeira hora do CEDEC evoca a figura
do grande intelectual morto recentemente.

Faoro leitor de Machado - Alfredo Bosi

Aí vai o link do texto do Alfredo Bosi: "Raymundo Faoro, leitor de Machado de Assis"

http://www.scielo.br/pdf/ea/v18n51/a22v1851.pdf

Faoro Historiador - Fábio Conder Comparato

Aí vai o link do texto de Fábio Conder Comparato: "Faoro Historiador"

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000200024

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Os Donos do Poder - Raymundo Faoro

Aí vai o link para o e-book zipado do Raymundo Faoro: Os Donos do Poder

http://www.4shared.com/get/4369973/72e22f42/raymundo_faoro_-_os_donos_do_poder__doc___rev_.html

Faoro e Weber e a Sociologia Brasileira - Rubens G. Campante

Aí vai o link para o texto de Rubens Goyatá Campante: O patrimonialismo em Faoro e Weber e a Sociologia brasileira

http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/218/21846105.pdf

terça-feira, 12 de maio de 2009

Raízes do Brasil - Sérgio Buarque de Holanda

Aí vai o link do e-book de Sérgio Buarque de Holanda: Raízes do Brasil

http://www.4shared.com/file/36821795/366d5f87/razes_do_brasil_-_srgio_buarque_de_holanda_-_brasil_histria_sociedade_herana_cultura.html?s=1

Campanha Abolicionista de 1884 - Joaquim Nabuco

Aí vai o link do e-book do Nabuco: Campanha Abolicionista de 1884

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/jn000060.pdf

campanha Abolicionista de 1884 - Joaquim Nabuco

Aí vai o link do e-book do Nabuco

A escravidão - Joaquim Nabuco

Aí vai o link do e-book de Nabuco: A Escravidão.

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/jn000061.pdf

O abolicionismo - Joaquim Nabuco

Aí vai o link do e-book de Joaquim Nabuco: O Abolicionismo.


A ordem privada e a organziação nacional - Nestor Duarte

Aí vai o Link do e-book de Nestor Duarte: A ordem privada e a organização nacional.

http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/ordemprivada.html

O Estado Nacional - Francisco Campos

Aí vai o link do e-book do Francisco Campos: O Estado Nacional.

http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/chicocampos.html

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Ricardo Silva: Liberalismo e democracia na sociologia política de Oliveira Vianna

Aí vai o link do artigo de Ricardo Silva: Liberalismo e democracia na sociologia política de Oliveira Vianna. O texto está fresquinho, recém publicado na revista Sociologias, da UFRGS de Porto Alegre.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222008000200011&lng=pt&nrm=iso

Populações Meridionais do Brasil

Aí vai o link do livro Populações Meridionais do Brasil, de Oliveira Vianna

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=19322

José Murilo de Carvalho: A utopia de Oliveira Vianna

Aí vai o link do artigo de José Murilo de Carvalho: A utopia de Oliveira Vianna

http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/149.pdf